A palavra tricotilomania tem origem grega, por se tratar da junção de trico (cabelo) + tilo (puxar). Sendo, portanto, a obsessão por arrancar os fios do corpo. É essencial frisar: quem tem esse transtorno não distingue áreas, ou seja, tanto faz se forem arrancados fios:
- do cabelo;
- sobrancelha;
- cílios;
- ou barba.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, esse hábito vai muito além da estética, por isso, foi classificado como um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Sabe-se também que boa parte desses casos evolui para a tricofagia. Isto é, quando a pessoa não só puxa os fios como os engole, o que prejudica todo o trato digestivo.
Agora que você já sabe de tudo isso, siga com a leitura deste artigo. Confira quais são os sintomas desse quadro a seguir.
Quais são os sinais da tricotilomania?
Não há dúvida de que as falhas capilares sem causa orgânica chamam atenção. Mesmo porque o próprio paciente costuma se “entregar” durante a consulta. Quando isso não ocorre, os entes mais próximos podem revelar o hábito.
Em outros casos, a pessoa pode ser encaminhada para o tratamento psiquiátrico. O encaminhamento acontece logo após a avaliação dermatológica, sempre que se nota o desvio por meio do exame dermatoscópico ou quando são descartados outros problemas.
Relação com outros distúrbios psíquicos
Conforme dito acima, sob a ótica psiquiátrica, trata-se de um distúrbio relacionado à ansiedade. De fato pode estar associado a outros impulsos satisfatórios, que expõem o paciente ao risco. Para os profissionais da área, a condição não deixa de ser uma forma de automutilação. Isso quando não inclui o autocanibalismo – se acompanhada da tricofagia – que em casos graves pode levar à morte.
Com o tempo, os sinais evidentes constrangem a pessoa, assim como servem de pretexto para o isolamento. Além disso, tende a desencadear episódios depressivos.
Causas da tricotilomania
Não existe um consenso sobre o que causa o problema. Embora possa ter origem genética, faltam estudos conclusivos sobre o tema. No entanto, pessoas com nível elevado de estresse são mais suscetíveis a esse mal.
Frequência na infância
O transtorno costuma ter início na infância, geralmente, na faixa dos 10 a 13 anos. Sabe-se que a incidência é igual entre os sexos nessa fase. No entanto, essa mesma tendência não permanece entre os adultos. Nesse grupo, a condição é mais frequente nas mulheres.
Síndrome de Rapunzel
Sem tratamento adequado, a condição pode evoluir para a Síndrome de Rapunzel. Um fenômeno raro em que o paciente ingere uma quantidade tão grande de fios que acaba formando um emaranhado no estômago.
Como o órgão não é capaz de digerir esses componentes, cria-se um prolongamento do intestino delgado e cólon. Por conta disso, o paciente pode apresentar:
- bloqueio gastrointestinal;
- dores gástricas fortes;
- prisão no ventre;
- perda de peso;
- anemia;
- enjoo;
- vômitos.
Em casos extremos, pode levar desde a perda de apetite até a morte. Nesse estágio, pode ser necessária a intervenção cirúrgica.
Tratamento para tricotilomania
Por se tratar de um quadro complexo, é recomendável um tratamento multidisciplinar. Uma vez que se trata de algo de origem dermatológica, decerto esse profissional é imprescindível. Assim como pediatras e terapeutas em condições de notar os sinais ainda na infância.
A terapia combinada ao uso de antidepressivos produz bons resultados. Ainda mais se incluir estabilizadores de humor para prevenir impulsos compulsivos. Mais importante do que isso é o apoio ao paciente. Assim como a lidar de forma menos prejudicial com sentimentos negativos.
É importante frisar que trata-se de um distúrbio crônico. Ou seja, a pessoa convive com essa condição por toda a vida. Sem dúvida, o quadro pode ser aliviado por meio da participação em grupos de ajuda. Bem como a prática de esporte e técnicas de relaxamento.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!